Educação e saúde sexual
uma jornada de autoconhecimento livre de tabus
O tema e sua importância
Educação sexual é o processo que busca por conhecimento e esclarecimento de dúvidas sobre temas relacionados à sexualidade. Assim, este processo tem sua importância relacionada à prevenção de DSTs, gravidez precoce e experiências sexuais traumáticas.
A ONU considera que a educação sexual está relacionada à promoção dos direitos humanos, direito das crianças e jovens e direito de todos à saúde, educação, informação e não discriminação. Por essa razão, a ONU é favorável a implementação de um currículo para temas que abordem a sexualidade nas escolas:
"Educação sexual é um programa de ensino sobre os aspectos cognitivos, emocionais, físicos e sociais da sexualidade. Seu objetivo é equipar crianças e jovens com o conhecimento, habilidades, atitudes e valores que os empoderem para: vivenciar sua saúde, bem estar e dignidade; desenvolver relacionamentos sociais e sexuais respeitosos; considerar como suas escolhas afetam o bem estar próprio e dos outros; entender e garantir a proteção de seus direitos ao longo da vida.” (UNAIDS, Guia técnico para educação sexual).
Assim, defendemos uma educação saudável e integral, que contemple a multiplicidade de dimensões da criança e do adolescente.
Adicionalmente, seja qual for a posição social, política, econômica ou religiosa do indivíduo, é possível supor que todos desejam oferecer segurança e proteção aos jovens. No entanto, uma mentalidade mais "fechada" afirma que o processo da educação sexual resulta na erotização infantil, o que não é verdade, e o psicanalista Christian Dunker avalia esse excesso de proteção à criança como nociva em muitos aspectos. Principalmente, porque o mundo externo ao ambiente familiar é cheio de perigos, antagonismos, obstáculos e diferenças, coisas que o jovem terá que assimilar e com as quais terá que aprender a lidar. Além de que, refletir sobre corpo e sexualidade diz respeito à saúde das crianças e adolescentes.
Por isso, precisamos afastar o conceito de erotização infantil da educação sexual, que por sua vez esta tem por significado "provocar sensações eróticas em alguém, ou em si mesmo com crianças". E vale ressaltar que a erotização infantil pode se dar de forma direta ou indireta, ou seja, com ou sem a participação imediata do jovem. Deste modo, podem ser englobados como processos de erotização uma peça publicitária que exponha o corpo da criança de forma sexualizada, quanto o abuso sexual consumado.
Em conclusão, a erotização infantil, assim como o processo excessivo de proteção ao jovem, que o afasta de informações e conhecimentos necessários, são nocivos ao desenvolvimento desses indivíduos, uma vez que os expõe a experiências com as quais não aprenderam a lidar ou se defender.
Sexualidade X Sexualização
Assim, educação sexual não sexualiza o jovem, este processo inclui falar sobre higiene íntima, anatomia, fisiologia, autocuidado, autoproteção, diz respeito sobre a saúde do indivíduo. É permitir ao jovem saber como é sua genitália, para que serve, como funciona, e assim oferecer a oportunidade de um crescimento saudável e conectado com os limites e as potências do seu corpo.
Dessa forma, pais, mães e cuidadores não devem ter vergonha de conversar com os filhos sobre sexualidade. Conhecer os limites do próprio corpo é fundamental para se defender contra o abuso sexual, DSTs, gravidez precoce, tratamentos, etc. A escola e os professores devem estar preparados para não só abordar o assunto com as crianças, mas também para acolher o medo dos pais de como este tema é colocado na sala de aula.
O trabalho em educação sexual inclui metodologias, livros e materiais didáticos, voltados para a educação sexual, prevenção de violência sexual, igualdade de gênero e direitos humanos.
Mitos X verdades
Não. Trata-se de educar para o corpo, a fisiologia e a própria intimidade
Educação sexual ensina as crianças e os jovens à fazer sexo?
Para muitos, sim. Mas podemos mudar essa realidade com informações sérias, e praticando o diálogo aberto sobre o tema.
Sexualidade é um tabu?
Sim. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê conteúdos sobre sexualidade a partir do oitavo ano, no máximo
Sexualidade é assunto para escola?
Pelo contrário! A OMS já comprovou que quanto mais informação de qualidade sobre sexualidade, mais tarde os adolescentes iniciam a vida sexual.
A educação sexual erotiza ou incentiva a iniciação sexual precoce de crianças e adolescentes.
MITO: algumas infecções podem demorar anos para manifestar os sintomas. Por isso, é importante que você mantenha a suas consultas ginecológicas e exames em dia.
Infecções sexualmente trasmissíveis sempre apresentam sintomas.
Na maioria das vezes, entre 85% a 90% das situações, as crianças e os adolescentes são sexualmente abusados por pessoas que já conhecem, como pai ou mãe, parentes, vizinhos, amigos da família, colegas de escola, babá, professor(a) ou médico(a).